“Não vou brigar por 0,1%!”
Esta foi a frase do meu pai quando tentei convencê-lo de que deveria investir em um fundo que “só” rendia “0,1% ao mês” a mais do que um outro que ele gostaria de investir, pois considerava que não fazia diferença.
Este é mais um capítulo da nossa série iniciada no artigo “Como Começar a Investir”.
MENSAGEM Nº 03 – AQUELE 0,1% NÃO É VAGABUNDO, ELE TAMBÉM TRABALHA POR VOCÊ
Antes de mais nada, gostaria de corrigir um erro comum. Se o Fundo A rende 1,0% a.m. e o Fundo B, 1,1% a.m., este último rende 0,1 PONTO PERCENTUAL (p.p.) a mais. Se falarmos em termos percentuais, acredite, o Fundo B rende 10% a mais.
Vamos a um exemplo prático. Você aplicou seu dinheiro nos Fundos A e B, investindo R$ 1.000,00 em cada. Na tabela abaixo, simulamos os saldos que você teria em diferentes prazos, considerando que a rentabilidade mensal se manteve durante os prazos:
Como pode ser facilmente percebido, por menor que seja o diferencial de rentabilidade, um fator “milagroso”, às vezes até mesmo demonizado, faz toda a diferença: juros compostos, o famoso “juros sobre juros”. Isto explica porque dois investimentos de valores iguais, com rentabilidades “parecidas”, trazem resultados tão diferentes ao longo dos anos de aplicação.
O efeito dos “juros sobre juros” pode ser visto melhor na tabela a seguir. As características das aplicações são as mesmas, somente isolamos os juros acumulados em cada período do valor do investimento inicial. Perceba que a diferença de R$ 1,00 de um mês se transforma em R$ 6,32 após seis meses, R$ 13,46 após um ano e chega a R$ 2.920,11 ao final de 20 anos. Isto para uma aplicação inicial de R$ 1 mil. Os 10% a mais que o Fundo A oferece em um mês, resultaria em 29,5% a mais se mantido por 20 anos.
Agora, vamos imaginar que você está se preparando comprar um carro daqui a um ano, ou trocar de casa daqui a 10 anos ou mesmo se aposentar em 20 anos. Vamos supor que você tenha R$ 50 mil para aplicar inicialmente e se propõe a poupar (e investir) mais R$ 1 mil mensalmente por estes prazos. As opções de investimento são novamente os Fundos A e B, com as respectivas rentabilidades mensais de 1,0% e 1,1%. Veja os resultados na tabela abaixo:
Ok, para comprar um carro daqui a um ano, ganhar R$ 757,31 a mais parece pouco, mas vamos combinar que esse valor pode abastecer seu automóvel tranquilamente por um mês ou mais, conforme for a utilização. Para trocar de casa daqui a 10 anos, R$ 38 mil adicionais podem ajudar a fazer uma boa reforma no imóvel. Imagine então possuir R$ 324 mil a mais quando se aposentar. Faria muita diferença no momento de aproveitar a vida sem os afazeres do trabalho e com mais tempo para o lazer, certo?
Todos estes exemplos servem para mostrar que, apesar de parecer pouco, qualquer diferença de juros das aplicações podem resultar em grandes valores no futuro. Logicamente, deve-se atentar para o fato de que, em geral, quanto maior a rentabilidade esperada, maior o risco associado à aplicação. Assim, estes tipos de comparações servem para escolher entre aplicações com riscos parecidos ou para que você opte conscientemente por tomar um risco maior, mas com possibilidade de ganho extra.